
Fabrico um elefante de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira, tirado a velhos móveis talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão, de paina, de doçura.
A cola vai fixar suas orelhas pensas.
A tromba se enovela, e é a parte mais feliz de sua arquitetura.
Mas há também as presas, dessa matéria pura que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza a esponjar-se nos circos sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos, onde se deposita a parte do elefante mais fluída e permanente, alheia a toda fraude.
Eis meu pobre elefantes pronto pra sair à procura de amigos num mundo enfastiado que já não crê nos bichos e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente e frágil que se abana e move lentamente a pele csoturada, onde há flores de pano e nuvens, alusões a um mundo mais poético onde o amor reagrupa as formas naturais...
Carlos Drummond de Andrade
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